quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

É o que se chama: "dar com uma mão e tirar com a outra".
A partir desta quinta-feira, todos os remédios terão o seu preço diminuído em 6% mas, ao mesmo tempo, o Estado irá reduzir as comparticipações.
Traduzindo:
Os pensionistas com reformas abaixo do salário mínimo vão passar a pagar mais por cada remédio.
O Ministério da Saúde garante que, com estas medidas, os portugueses pouparão 13 milhões de euros. Contudo, os utentes que integram o regime especial de comparticipações saem prejudicados.
A situação verifica-se mesmo com a já existente ajuda extra do Governo a estes pensionistas, um acréscimo de 15% na comparticipação. Pelas doenças decorrentes da idade, os idosos consomem vários medicamentos e qualquer variação de cêntimos pode fazer uma grande diferença ao final do mês.
E são os reformados, com baixos rendimentos, os responsáveis pela maior fatia de encargos do Estado com os medicamentos vendidos nas farmácias. Em média, 54% do dinheiro que sai anualmente dos cofres públicos, é para suportar as comparticipações dos remédios consumidos por estes idosos.
O grande beneficiário desta mudança, que integra as medidas com vista à redução do défice na Saúde, é o próprio Estado (Não. Era o povinho, estava-se mesmo a ver!). De acordo com as previsões, até ao final de 2007, os cofres públicos vão conseguir poupar 115 milhões de euros (se ao menos fossem aplicados em alguma medida importante para o país ou de utilidade para a sociedade).
Sendo que, em 2006, pelo valor das pensões mínimas do regime geral (para quem tem até 14 anos de carreira contributiva), os pensionistas receberam por mês +/- 223,24 euros.
A pensão social fixou-se em 187,62 ou 203,50 euros, consoante o beneficiário tenha uma idade inferior ou superior a 70 anos, respectivamente. Os pensionistas das actividades agrícolas ficarão com a sua pensão situada nos 206,07 euros.
E são estas pensões que compõe a grande maioria dos pensionistas, ou seja, a maioria das pensões atribuídas no nosso país, situam-se nos escalões mais baixos.
Segundo um estudo efectuado, os portugueses acreditam que a sua qualidade de vida vai diminuir depois de reformados.
Dos portugueses inquiridos e que se encontram no activo, 72 por cento consideram que «o rendimento da reforma será mais baixo do que a remuneração auferida
Já dos inquiridos reformados, 43% garante que sofreu um decréscimo de nível de vida após reforma.
Outra das conclusões deste estudo é que o valor real da reforma não é suficiente para pagar as despesas domésticas. Há um défice mensal de 42 euros entre o valor líquido mensal das pensões e o montante necessário para as despesas.
Apenas 15% dos activos sabem o valor da reforma futura, vivendo os restantes no profundo desconhecimento daquilo que irão auferir quando a reforma chegar.
Uma coisa é certa, dificilmente a pensão irá chegar para sobreviver com todas as condições, sem nunca faltar dinheiro.
Ser idoso e reformado, neste país, é um papel demasiado ingrato.
E esta medida vem mesmo no momento certo. Numa altura em que o país anda distraído com as discussões sobre o SIM ou o NÃO, ao referendo do próximo dia 11.

15 comentários:

PintoRibeiro disse...

Lapidar, mas nada que se não resolva. Mortos os bébés, que se matem os velhos. Esvazia-se o país e pronto. Importam-se pretos, chineses, brasileiros, os que de cá restarem, fogem. Excelente, o post.
Bjinho.

Bernardo Kolbl disse...

As prioridades deste país estão invertidas. Ponto final. Bom post. Atento.
Bom dia.



( Fora de contexto, esse vómito chamado João/Yukie é tão burro que nos seus textos sem tom nem nexo ainda recentemente elogiou na sua pretensa escrita o escritor japonês, ligado a movimentos nazis, Mishima. A estupidez e a ignorância, arrepiam. Sigam Colegas, abraço PR. Fazes bem em não querer beijos ternos de um gajo que escreveu no Suck, está lá, que não te queria no blogue dele. Miséria ).

Sea disse...

Só um à parte: julgo que, quem for suficientemente atento, consegue perceber que nem mesmo as pessoas que integram a esquipa do Suck, têm posições, ideias, princípios, opiniões concordantes.

Um exemplo: julgo ser a única a favor do Sim, no referendo do dia 11. Não é por isso, que deixamos de "conviver" saudavelmente, marcando as nossoas posições.

É tudo uma questão de educação e saber estar.

Quando não se compreende um texto, façam como na escola, põe-se o dedo no ar e pedem-se explicações.

Olga disse...

Eu tb sou a favor do Sim no referendo no dia 11.Mas gosto de ler as opiniões dos outros bloguistas e "discutir" amigavelmente este ou outro tema. O respeito acima de tudo.

Em relação a esta nova medida do ministério da saúde só digo que espero não chegar a idosa...ou então tenho de forçosamente ter saúde, senão estou desgraçada!
Não sei onde este país nos vai levar assim!

Qualquer dia temos de fazer uma revolução!

Bom dia a todos.

as velas ardem ate ao fim disse...

Simplesmente exelente este post.
é bom distrair o povo com outras coisas assim algumas medidas nojentas são tomadas...como essa dos medicamentos ou as declarações do ministro da Economia ontem na China.

bjinhos

wind disse...

excelente post, como sempre os teus. Análise fria e concreta:)
Triste realidade!
bjs

SÓNIA P. R. disse...

Um post francamente bom. Ainda bem que alguém falou no caso da China.
Subscrevo felizmente o teu comentário Sea, mas infelizmente o civismo não é para todos.

Beijo.

PintoRibeiro disse...

Só um pequeno reparo que me fugiu hoje de manhã por falta de tempo: debater o SIM ou NÂO à legalização do ABORTO, seriamente, não é uma distracção. O assunto é demasiado sério e não devia impedir com o ruído que a esquerda está a levantar em torno de algo tão sério a atenção a assuntos, como este, não menos importantes.

just me, an ordinary girl disse...

é a nossa triste verdade, esta.Um beijo

Su disse...

uma miseria este país........
belo texto
gostei da tua coerencia.

jocas maradas

Sea disse...

chamei distracção no sentido de que as atenções do povo estão viradas para outro lado.
Não menosprezei as discussões que, francamente, já nem ouço, vejo ou tão pouco dou importância.
Tal como já disse lá no Place, posições como a minha e a tua estão bem formadas e fundamentadas.
Se eu rebater o assunto, já é uma perca de tempo ou então, é ter vontade de bradar aos céus com certas coisas que, por acaso, ainda vou ouvindo.

poca disse...

mal de quem está doente... mal de quem não lhes pode fugir... mal de quem depende das decisões deles... mal deste portugal mesmo!

Belzebu disse...

Esta é só mais uma medida a ser conhecida, enquanto os nossos governantes andam em tournée! É que estes bandidos, nem sequer se dão ao trabalho de escutar, as reacções das vitimas da governação!

Saudações infernais!

segurademim disse...

... muito bem Sea! óptima análise! os idosos são sem dúvida o grupo mais vulnerável do país

quanto aos 113 milhões, eles precisam de poupar para manter as suas benesses, pensões, status, etc e da familia... de consanguinidade ou da política

quanto a dia 11, vou votar SIM e a mim não me distraiem

beijo . bom fim-de-semana SUCKS and SMILES

Lilis disse...

Boa...
e já agora, não há por aí... mais desses comprimidos????Uns quantos seriam uma dádiva para aliviar a minha dor de viver...
bjus ....