quarta-feira, 25 de julho de 2007

Notas dispersas recolhidas ao longo destes dias em que estive ausente.

A dança de caras e rostos em alguns partidos políticos, face à implosão das direitas nas autárquicas de Lisboa, obriga a recolocar o debate. As mudanças baralham o jogo mas não resolvem, a meu ver, o problema essencial. Não se trata a crise dos partidos com meras opções de cosmética que em nada alteram os pressupostos do cansaço existente no eleitorado, aqui, à direita como à esquerda. Ou seja: perante um Estado que é cada vez mais um mero agente ( des-)regulador das dinâmicas e práticas do mercado, do liberalismo económico centrado apenas nas necessidades essenciais do consumidor médio satisfeito, perante uma classe política desagregada e indiferenciada, submetida aos diktats do Capital e de Bruxelas, enfrentamos o colapso e a ausência de um discurso Ideológico, Ético, de Valores onde se confunde o essencial, também importante, com o acessório. Urgente não é discutir nomes ou pessoas mas ensaiar uma refundação assente num profundo debate de ideias, ideológico. Parta-se de Chestov: Homo homini lupus. Busque-se o que é prioritário e extravassa para lá da gestão do quotidiano. O liberalismo traz em si a devastação moral, no sentido nobre da palavra, moral e não moralista, e o relativismo corrupto e egocêntrico, ( dos neo-cons pós marxistas aos altermundistas neo marxistas ), baseado na idolatração do mercado e na regulamentação paralisante das consciências, dos hábitos, dos comportamentos. Dos cidadãos. A ser assim discutir o quê?
A Direita tem de ensaiar prioritáriamente o regresso à Família, com tudo o que tal opção significa, incluindo a reestruturação das forças produtivas, da economia, do modelo social, do papel da mulher. E tem de, sem medo, combater e lutar pela afirmação deste princípio. Depois, saber questionar e reflectir sobre as grandes questões que urge repensar, algumas delas até ao momento coutada apenas de uma certa esquerda. Pensar a própria ideia de Estado, onde tudo nos separa da esquerda, defender a reprivatização da esfera privada, mas também as alterações climatéricas ou a degradação dos solos, as reservas de água, as políticas de imigração, os sistemas de saúde e educativo, a indústria alimentar, a engenharia genética, a redistribuição da riqueza, os efeitos sociais e culturais dos novos modelos de trabalho, o papel e os direitos dos trabalhadores, a inseminação artificial ou a clonagem, o papel e o futuro da informação. Estas, por exemplo e ao acaso. Tendo sempre claro que lidamos com uma sociedade alienada, passiva, individualista, materialista, hedonista e com instituições poderosas e sem rosto, aqui sim, globais e globalizantes, acoitadas nos corredores do Poder. Onde se instala o espaço político parlamentar/partidário. À Direita é preciso alterar prioridades. Optar pela travessia no deserto. Ser a voz do não. Do combate. Da resistência ao actual relativismo. Descer à rua e ouvir à rua. Ficar na rua. Desafiar a mediocridade das novas élites. Moldar um partido com ideias e projectos alternativos mesmo que, temporariamente, minoritários. Disposto a suportar a fúria do pensamento dominante, imune ao vírus do políticamente correcto. Importante é encontrar uma nova visão global de sociedade que não recuse, também, o embate cultural. E formas de luta onde se expresse essa ideia alternativa de sociedade fora do actual quadro partidário, burguês e parlamentar. A seu tempo surgirão líderes. Mas essa não é, de certeza, a prioridade que se nos coloca. Urgente é refundar o nosso espaço e saber criar alicerces alternativos aos desafios do futuro.
( Postes, outros, em baixo. Imagem, Marta Rosler ).

8 comentários:

wind disse...

Não sou de direita, mas concordo com a análise que fizeste.
beijos e as melhoras

Su disse...

como é bom ler.te e fazer parte da leitura

jocas maradas....
.........trim...tá lá......pois sei...marei:)))))))

MEU DOCE AMOR disse...

Nem mais.E assim nascem os verdadeiros líderes.

Beijinho doce

Anónimo disse...

Enfim... são os politicos que temos!!!!!!!!!!!!!

as velas ardem ate ao fim disse...

Optar hoje me dia pela direita ou pela esquerda, politica, é simplesmente um perfeito disparate.

socrates é um diatdor, um prepotente como ontem o demosntrou e a oposição uma cambada de esquizofrenicos.

bjinhos

Olga disse...

Desejo a todos um óptimo dia e com um pouco de esperança que Portugal melhor!!!

Beijos.

Bernardo Kolbl disse...

Um ponto de partida.
Outro será ver o Alegre, produto típico do carreirismo político e social no Portugal pós 25, um parasita que nada sabe fazer e só viveu da política e do partido, vir agora qual anjo vingador, pleno de oportunismo e hipocrisia, alimentar o discurso antisistema. Um típico alguem inventado pelo aparelho partidário.
Tudo o que se combate e pretende denunciar e inverter.
Esclarecedor.
Um abraço.

Alien8 disse...

Gostei de ler.

Um abraço.