A dança de caras e rostos em alguns partidos políticos, face à implosão das direitas nas autárquicas de Lisboa, obriga a recolocar o debate. As mudanças baralham o jogo mas não resolvem, a meu ver, o problema essencial. Não se trata a crise dos partidos com meras opções de cosmética que em nada alteram os pressupostos do cansaço existente no eleitorado, aqui, à direita como à esquerda. Ou seja: perante um Estado que é cada vez mais um mero agente ( des-)regulador das dinâmicas e práticas do mercado, do liberalismo económico centrado apenas nas necessidades essenciais do consumidor médio satisfeito, perante uma classe política desagregada e indiferenciada, submetida aos diktats do Capital e de Bruxelas, enfrentamos o colapso e a ausência de um discurso Ideológico, Ético, de Valores onde se confunde o essencial, também importante, com o acessório. Urgente não é discutir nomes ou pessoas mas ensaiar uma refundação assente num profundo debate de ideias, ideológico. Parta-se de Chestov: Homo homini lupus. Busque-se o que é prioritário e extravassa para lá da gestão do quotidiano. O liberalismo traz em si a devastação moral, no sentido nobre da palavra, moral e não moralista, e o relativismo corrupto e egocêntrico, ( dos neo-cons pós marxistas aos altermundistas neo marxistas ), baseado na idolatração do mercado e na regulamentação paralisante das consciências, dos hábitos, dos comportamentos. Dos cidadãos. A ser assim discutir o quê?
A Direita tem de ensaiar prioritáriamente o regresso à Família, com tudo o que tal opção significa, incluindo a reestruturação das forças produtivas, da economia, do modelo social, do papel da mulher. E tem de, sem medo, combater e lutar pela afirmação deste princípio. Depois, saber questionar e reflectir sobre as grandes questões que urge repensar, algumas delas até ao momento coutada apenas de uma certa esquerda. Pensar a própria ideia de Estado, onde tudo nos separa da esquerda, defender a reprivatização da esfera privada, mas também as alterações climatéricas ou a degradação dos solos, as reservas de água, as políticas de imigração, os sistemas de saúde e educativo, a indústria alimentar, a engenharia genética, a redistribuição da riqueza, os efeitos sociais e culturais dos novos modelos de trabalho, o papel e os direitos dos trabalhadores, a inseminação artificial ou a clonagem, o papel e o futuro da informação. Estas, por exemplo e ao acaso. Tendo sempre claro que lidamos com uma sociedade alienada, passiva, individualista, materialista, hedonista e com instituições poderosas e sem rosto, aqui sim, globais e globalizantes, acoitadas nos corredores do Poder. Onde se instala o espaço político parlamentar/partidário. À Direita é preciso alterar prioridades. Optar pela travessia no deserto. Ser a voz do não. Do combate. Da resistência ao actual relativismo. Descer à rua e ouvir à rua. Ficar na rua. Desafiar a mediocridade das novas élites. Moldar um partido com ideias e projectos alternativos mesmo que, temporariamente, minoritários. Disposto a suportar a fúria do pensamento dominante, imune ao vírus do políticamente correcto. Importante é encontrar uma nova visão global de sociedade que não recuse, também, o embate cultural. E formas de luta onde se expresse essa ideia alternativa de sociedade fora do actual quadro partidário, burguês e parlamentar. A seu tempo surgirão líderes. Mas essa não é, de certeza, a prioridade que se nos coloca. Urgente é refundar o nosso espaço e saber criar alicerces alternativos aos desafios do futuro.
( Postes, outros, em baixo. Imagem, Marta Rosler ).
8 comentários:
Não sou de direita, mas concordo com a análise que fizeste.
beijos e as melhoras
como é bom ler.te e fazer parte da leitura
jocas maradas....
.........trim...tá lá......pois sei...marei:)))))))
Nem mais.E assim nascem os verdadeiros líderes.
Beijinho doce
Enfim... são os politicos que temos!!!!!!!!!!!!!
Optar hoje me dia pela direita ou pela esquerda, politica, é simplesmente um perfeito disparate.
socrates é um diatdor, um prepotente como ontem o demosntrou e a oposição uma cambada de esquizofrenicos.
bjinhos
Desejo a todos um óptimo dia e com um pouco de esperança que Portugal melhor!!!
Beijos.
Um ponto de partida.
Outro será ver o Alegre, produto típico do carreirismo político e social no Portugal pós 25, um parasita que nada sabe fazer e só viveu da política e do partido, vir agora qual anjo vingador, pleno de oportunismo e hipocrisia, alimentar o discurso antisistema. Um típico alguem inventado pelo aparelho partidário.
Tudo o que se combate e pretende denunciar e inverter.
Esclarecedor.
Um abraço.
Gostei de ler.
Um abraço.
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